quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Uma Crônica sobre a Tragédia de Novo Hamburgo

 

Imagem: campanha do desarmamento

A imagem de um homem armado, dentro de sua própria casa, transformando um lar em um campo de guerra, ecoa como um grito desesperador. O tiroteio em Novo Hamburgo, que ceifou vidas inocentes e deixou um rastro de dor e sofrimento, é um retrato cru das consequências desastrosas da flexibilização do porte de armas no Brasil.

                A tragédia em questão não é um caso isolado, mas sim um dos muitos exemplos de como a proliferação de armas de fogo em mãos de civis pode se voltar contra a sociedade. O atirador, com arsenal particular e registro de CAC, transformou sua própria casa em um arsenal, colocando em risco não apenas sua família, mas também os policiais que tentavam conter a situação.

A fala do presidente Lula, expressando sua solidariedade às vítimas e criticando a distribuição indiscriminada de armas, ecoa em um coro crescente de vozes que clamam por um debate mais aprofundado sobre a questão. A tragédia de Novo Hamburgo serve como um doloroso lembrete de que a facilidade de acesso a armas de fogo não garante a segurança, mas sim a aumenta o risco de violência.

                É preciso compreender que a posse de armas não é um direito absoluto, mas sim um privilégio que deve ser concedido com cautela e acompanhado de rigorosas medidas de controle. A experiência de outros países demonstra que o aumento do número de armas em circulação não leva à redução da criminalidade, mas sim ao aumento de homicídios, suicídios e acidentes.

A imagem de um policial, que deveria proteger a sociedade, sendo morto em serviço, é um dos aspectos mais chocantes dessa história. A morte do soldado Everton Kirsch Júnior é um símbolo do risco que os profissionais de segurança pública correm em um país com leis frouxas sobre o porte de armas.

                A tragédia de Novo Hamburgo nos convida a refletir sobre o tipo de sociedade que queremos construir. Um país onde a violência impera e a vida humana é desvalorizada, ou um país onde a paz e a segurança sejam prioridades? A resposta a essa pergunta está nas nossas mãos, e a decisão de restringir o acesso a armas de fogo é um passo fundamental para construir um futuro mais seguro para todos.

É preciso que a sociedade civil se mobilize e exija dos nossos representantes políticos medidas efetivas para combater a violência armada. A flexibilização do porte de armas foi um erro, e a tragédia de Novo Hamburgo é a prova cabal disso. É hora de voltarmos atrás e adotarmos políticas públicas mais rigorosas, que priorizem a vida e a segurança de todos os cidadãos.

                A dor das famílias das vítimas e a comoção da sociedade diante dessa tragédia não podem ser em vão. Que a memória de Everton Kirsch Júnior e de todas as vítimas da violência armada sirva como um alerta para que possamos construir um país mais justo e seguro para todos. 

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 Gerson Vieira, poeta e cronista

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