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Imagem: campanha do desarmamento |
A imagem de um homem armado, dentro de sua própria casa, transformando um lar em um campo de guerra, ecoa como um grito desesperador. O tiroteio em Novo Hamburgo, que ceifou vidas inocentes e deixou um rastro de dor e sofrimento, é um retrato cru das consequências desastrosas da flexibilização do porte de armas no Brasil.
A
tragédia em questão não é um caso isolado, mas sim um dos muitos exemplos de
como a proliferação de armas de fogo em mãos de civis pode se voltar contra a
sociedade. O atirador, com arsenal particular e registro de CAC, transformou
sua própria casa em um arsenal, colocando em risco não apenas sua família, mas
também os policiais que tentavam conter a situação.
A fala do presidente Lula,
expressando sua solidariedade às vítimas e criticando a distribuição
indiscriminada de armas, ecoa em um coro crescente de vozes que clamam por um
debate mais aprofundado sobre a questão. A tragédia de Novo Hamburgo serve como
um doloroso lembrete de que a facilidade de acesso a armas de fogo não garante
a segurança, mas sim a aumenta o risco de violência.
É
preciso compreender que a posse de armas não é um direito absoluto, mas sim um
privilégio que deve ser concedido com cautela e acompanhado de rigorosas
medidas de controle. A experiência de outros países demonstra que o aumento do
número de armas em circulação não leva à redução da criminalidade, mas sim ao
aumento de homicídios, suicídios e acidentes.
A imagem de um policial, que
deveria proteger a sociedade, sendo morto em serviço, é um dos aspectos mais
chocantes dessa história. A morte do soldado Everton Kirsch Júnior é um símbolo
do risco que os profissionais de segurança pública correm em um país com leis
frouxas sobre o porte de armas.
A
tragédia de Novo Hamburgo nos convida a refletir sobre o tipo de sociedade que
queremos construir. Um país onde a violência impera e a vida humana é
desvalorizada, ou um país onde a paz e a segurança sejam prioridades? A
resposta a essa pergunta está nas nossas mãos, e a decisão de restringir o
acesso a armas de fogo é um passo fundamental para construir um futuro mais
seguro para todos.
É preciso que a sociedade civil
se mobilize e exija dos nossos representantes políticos medidas efetivas para
combater a violência armada. A flexibilização do porte de armas foi um erro, e
a tragédia de Novo Hamburgo é a prova cabal disso. É hora de voltarmos atrás e
adotarmos políticas públicas mais rigorosas, que priorizem a vida e a segurança
de todos os cidadãos.
A dor das famílias das vítimas e a comoção da sociedade diante dessa tragédia não podem ser em vão. Que a memória de Everton Kirsch Júnior e de todas as vítimas da violência armada sirva como um alerta para que possamos construir um país mais justo e seguro para todos.
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Gerson Vieira, poeta e cronista